sábado, 5 de maio de 2012

Céu de Maio

Não dói mais.
Não existe solidão.
Os dias são todos regados pelo sol e a brisa que passa dançando pelos fios de cabelos soltos.
Qualquer hora é motivo para um sorriso, e, qualquer sorriso é motivo para qualquer hora.
E já não é mais difícil.
Não existe busca.
Quem passa, não passa sozinho e quem já foi talvez nunca tenha ficado.
E já não se vê mais a chuva.
Não se vê tempestade.
Os olhos que se olham são os mesmos que não se encontravam, nunca se viam e não reparavam.
As folhas que balançam nas árvores se movem por algum motivo.
E o desejo? O desejo é fascínio. É a Lua refletida no vidro do carro, é a montanha iluminada pela noite, é a cidade viva se preparando para dormir, como velas cintilando sobre a noite escura.
A vontade é maior que a razão e já não cabe mais dentro do travesseiro, envolta nos sonhos, pede ao coração mais anseio, mais vontade de viver e libertar-se.
E as amarras vão se soltando.
Já não assusta mais.
O que vai é vontade de viver sozinho e o que fica é o desejo de compartilhar, de sentir, de sorrir...
Se entrega, que já não há mais distância.
Só o que existe agora é mais belo, mais forte e intenso.
Porque antes as palavras em momento de tristeza não me faltavam e hoje, na mais doce alegria, elas me transbordam.
E isso sim, era exatamente aquilo que me faltava.



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